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sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Foi por já não ter, dentro de mim, palavras capazes de definir e expressar tudo o que sinto quando penso em ti, que naquela última carta resolvi recorrer a excertos das últimas páginas do “Não há coincidências”. Até porque, na verdade, a nossa estranha história é exemplo disso mesmo, de que as coincidências não existem. Aquilo que tanto tempo teimei em chamar de coincidência não passa de destino. O destino fez com que as nossas vidas se cruzassem e deixou-nos assim, neste nada em que se tornou a nossa convivência.
Não te odeio! Por vezes tenho-te raiva, muita raiva. Mas é apenas porque não consigo entender as tuas atitudes comigo. Pensei que me querias fora da tua vida e agora que eu estou a tentar, tu não me deixas sair. Dizes que sou infantil e impulsiva, que tenho de crescer, de abrir os olhos para a realidade. Mas não sei qual de nós dois vive mais arredado da realidade. Tu vives no teu mundo intocável e impenetrável. Num mundo em que sempre quis entrar e nunca me deixaste. Sempre me mantiveste à porta, como se estivesse na fila do banco à espera para ser atendida. Mas nunca me deixaste atravessar a porta que tantas vezes te vi abrir à minha frente. A dúvida mantém-se, e manter-se-á para sempre. Nunca saberei se não me deixaste entrar porque não gostavas de mim; porque tinhas medo de gostar; ou porque se, mesmo gostando, tinhas medo que eu causasse algum tipo de estrago no teu mundo perfeito. Isto é algo que eu nunca vou saber. E talvez até seja melhor assim. Ao menos poupo-me a mais uma desilusão causada por ti.
Confundes-me com a facilidade com que se confunde uma criança. Ainda no outro dia, dei-me conta que os teus olhos estavam perdidos em mim, e gelei. Vi neles a doçura que me fez apaixonar-me por ti. E, por breves momentos, cheguei a acreditar que o rapaz doce por quem me apaixonei estava de volta. Mas não. Foi tudo um engano. Quando percebeste que eu também estava a olhar para ti voltou a abrir-se o abismo intransponível que existe entre nós.
Sempre disse que tínhamos tudo para dar certo, mas hoje consigo entender que nunca tivemos o fundamental: um ao outro. Tu nunca quiseste aceitar o que eu sentia por ti, e eu nunca soube, ao certo, o que sentias por mim. E o tempo passou sem que nenhum dos dois se decidisse. Tu tiveste outras pessoas, e eu também. Parece que podíamos ter quem quiséssemos, menos um ao outro.
O que mais me arrelia é o facto de saber que para nós já nada é possível, e sentir que tu não me deixas ir. Agora deste para ter ciúmes, que não assumes. E mais uma vez a minha cabeça anda desnorteada, perdida por não saber, afinal, o que fazer contigo. Dei-me conta que amigos não poderemos ser, pelo menos não agora, enquanto os vestígios do que senti não desaparecerem de vez. Ao mesmo tempo sinto que não podes sair da minha vida. Significas demais. Devolveste-me a certeza de que um dia vou ser feliz, mesmo não sendo contigo. Quando nos conhecemos eu acreditava ser incapaz de amar de novo. Alguém tinha arrancado o meu coração, pelo simples prazer de o fazer. Mas tu eras diferente. E, apesar de as coisas não terem corrido bem entre nós, fizeste com que eu voltasse a acreditar que sou capaz de amar. Se me perguntares se te amo eu sei dizer que não; mas se me perguntares se te amei, só sei dizer que não sei.
No outro dia perguntei-te, em tom de brincadeira, se me ias deixar... e tu disseste que não. Disseste que ainda ias ficar por ali pelo menos mais dois anos. E eu pensei que ainda não vai ser desta que tudo vai acabar. O grande problema é que nem eu mesma tenho a certeza de querer que isto acabe.
Sinto que apesar de tudo não me queres fora da tua vida, e não consigo entender porquê. Talvez tenhas medo de algo que eu não entendo. Ou talvez, apenas, gostes de saber-me ali, à tua espera. Mas tenho uma má notícia: já não espero por ti há muito tempo.
No outro dia perguntaram-me o que eu faria se resolvesses ficar comigo. Surpreendi-me com a resposta que dei. Disse que não ficava, que não queria uma continuação daquela estranha história que tivemos e que nunca teve definição. E é verdade! Para ficar contigo tinha de te conhecer outra vez! E como isso é impossível... Impossível é, também, que algum dia os nossos caminhos deixem de andar lado a lado para se tornarem num só!
E nisto me despeço! Não antes sem te dizer : Muito obrigada por me fazeres ver que dentro de mim existe uma capacidade imensa de amar! Gosto muito de ti! Mas és só uma doce recordação que me vai ficar dos meus tempos de estudante! Espero que sejas feliz! Tão feliz como eu desejo ser um dia! GMDT!!!!!
Santa Clara-a-Velha, 27 de Dezembro de 2003

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