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domingo, outubro 09, 2005


Tentei perceber o que sentia, ou melhor, se sentia alguma coisa, ou não, mas as tentativas foram vãs. E quando deixei de tentar, então percebi. Era simples. Era apenas eu de volta a mim mesma. Fechei os olhos e sorri. Uma paz imensa invadiu-me e deixei-me levar por aquele estado de leveza que não mais me largou. E dancei, dancei a noite inteira, até que o corpo acusou o cansaço de um dia que havia sido longo.
Os últimos tempos tinham sido de grandes decisões e emoções. O passado tentou, por breves instantes, assombrar-me e eu tive medo. Noutra altura não teria sido capaz de o vencer, e teria ficado toda desarrumada. Mas desta vez não! Fui mais forte que as recordações e que os fantasmas. Consegui exorcizá-los e expulsá-los de vez de mim. Senti-me orgulhosa de mim mesma. Finalmente tinha deixado para trás tudo o que um dia me havia feito mal.
Houve tempos em que julguei que no dia em que fechasse de vez a porta daquela história ficaria vazia, e que do outro lado ficaria a minha capacidade de sentir. Mas agora sei que não é bem assim. A vida não é sempre aquilo que queremos. Leva-nos quem julgávamos que íamos ter sempre por perto e faz outras pessoas entrarem nas nossas histórias. A vida renova-se e renova-nos a cada dia que passa. Custei a perceber isso. Tinha medo da mudança. Voltei a fechar os olhos e uma música surgiu na minha mente. De novo Mafalda Veiga. "De Mão em Mão"... Sorri ainda mais. Hoje sei, e sinto, que a vida ainda vai fazer-me voar outra vez. Porque já sou capaz de sorrir-lhe e olhá-la nos olhos sem medo.

"De Mão em Mao"

Se te sentires perdido numa noite assim
Em que as estrelas se misturam pelo chão
Com o vento e a poeira
As lembranças e os cansaços
Que te fazem procurar o teu lugar

Se te sentires perdido numa noite assim
À deriva pelo meio da multidão
Sem saber qual é o caminho certo
E o momento de parar
E ouvir a voz do teu coração

Pode ser que encontres no olhar de alguém
O teu mundo perdido
A cor do teu céu
Uma chama que a lua faz dançar no escuro
Um desejo escondido
E o que ficou nos teus sentidos
de alguma canção

Na rua há um silêncio colado à pele
A noite acende o mundo no teu peito
E vais talvez mais dentro
E mais longe do que nunca
Pra tentar tocar o fundo com as mãos

Pode ser que encontres no olhar de alguém
O teu mundo perdido
A cor do teu céu
Uma chama que a lua faz dançar no escuro
Um desejo escondido
E o que ficou nos teus sentidos
de alguma canção

Enquanto te confundes
Nos gestos loucos da multidão
Enquanto sopra um fogo distante
Que cresce de mão em mão

(Mafalda Veiga)

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