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sábado, março 18, 2006


Quando aqui cheguei era uma, outra, diferente. Hoje encontro-me redefinida e reestruturada. No meio do caminho fui vivendo e permitindo que a vida provocasse em mim as erosões próprias de quem não foge dela. As marcas dessas erosões são hoje aquilo que de mais precioso tenho. Boas, ou más, foram elas que me ensinaram muito do que sei. Houve alturas em que o que mais desejei foi travá-las. As marcas que hoje o são, eram na altura feridas que teimavam em não sarar. Eu tinha medo que novas feridas fossem criadas depois daquelas, ou ainda antes de elas sararem. E assim cedia, momentaneamente, à tentação de me refugiar dentro de mim, naquele lugar onde tudo se ia sedimentando e onde podia proteger-me das intempéries e das erosões da vida. É certo que cedo percebia que tinha de voltar a sair de dentro de mim, que era imperativo erguer a cabeça e enfrentar de peito aberto o que a vida me tinha reservado. E não raras foram as vezes que o fiz. Não raras foram as vezes que deixei aquele lugar para olhar a vida nos olhos e mostrar-lhe que não tinha medo dela. Mas sinto que agora é diferente. Algo mudou. E sinto-me mais segura dentro de mim.
As interrogações a mim mesma tornam-se constantes. Os porquês começam a suceder-se na minha mente. E eu começo a querer não responder a nada. Só faço as perguntas para as quais estou preparada para ouvir qualquer tipo de resposta. E, neste momento, não estou. Há coisas que devem ser mantidas como são. Se tentarmos mudá-las corremos o risco de corrompê-las e transformá-las em algo completamente diferente e desvirtuado. E eu não quero corromper nem desvirtuar nada. Mas se insistir em interrogar-me a mim mesma desta maneira, se insistir em deixar os porquês povoarem a minha mente, então as respostas tornar-se-ão imperativas, e o que eu quero manter tal como é perder-se-á para sempre.
Vou ficar aqui, assim, quietinha no meu canto, no meu lugar só meu, à espera que esta agitação passe, e que o mundo lá fora se reequilibre e isto desapareça. O ditado é antigo, mas nem por isso menos verdadeiro: “há males que vêm por bem”. E este mal chamado “falta de tempo” não poderia ter vindo em melhor altura.

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