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quarta-feira, junho 21, 2006

“Caminante no hay camino, el camino se hace al andar.”
António Machado

Sempre acreditei que tudo na vida acontecia por uma razão, e só quando deveria acontecer. Que tudo tinha um momento certo. Que as pessoas que entravam na nossa vida era aquelas, e não outras, por algum motivo que, mais cedo ou mais tarde, acabaria por fazer sentido. Sempre acreditei em destino e talvez tenha sido por isso que sempre fui de peito aberto e olhei a vida nos olhos para que ela percebesse que não me causava qualquer tipo de medo. Mas isso era antes, quando ainda era uma menina cheia de ilusões e convicta de que o mundo poderia ser todo meu.
Da primeira vez mudei por completo a minha vida. Fugi deixando tudo para trás. Já não sei se por cobardia se por força do meu instinto de auto-preservação. Recomecei do zero, reinventando-me, redescobrindo tudo aquilo que julgava perdido e reaprendendo a dar valor ao que era realmente importante. Naquela altura a vida permitiu-me uma fuga fácil e encapotada, da qual nunca tive de dar justificação a quem quer que fosse. E hoje, à distancia de quase 6 anos da decisão tomada, não me arrependo de ter agido daquele modo, contrariando tudo o que se esperava de mim.
Da segunda vez não me foi permitido mudar a minha vida e acabei por mudar-me a mim mesma. O preço a pagar por uma potencial fuga era alto demais e eu não estava disposta a isso. Já tinha percebido que “Eu” era mais importante do que tudo o resto, e foi nessa certeza que encontrei força para resistir à vontade de fugir e continuar a construir o caminho que tinha traçado para mim. Foi nessa altura que as ilusões se desvaneceram e a convicção de que o mundo poderia ser todo meu, irremediavelmente, se perdeu e eu mudei.
Ao longo destes últimos dois anos fui aprendendo a temperar a minha vida com aquilo que de melhor tenho. Dei desinteressadamente e recebi, muitas vezes, aquilo que não estava à espera, vindo de onde menos poderia imaginar. Com o passar do tempo comecei a apreciar a arte da observação e da espera sem, todavia, ter conseguido aprendê-la. Ainda não aprendi a dar ao tempo o tempo de que ele precisa para ajudar a vida a colocar tudo no seu devido lugar. E por isso, por vezes, deixo o coração sobrepor-se à razão dizendo parte do que sinto sem ponderar como ou a quem, ainda que contra a minha “vontade”. São os vestígios de uma emotividade exacerbada que outrora reinava em mim e que, aos poucos, fui aprendendo a controlar, na esperança de sedimentar a racionalidade que, lentamente, consegui conquistar. “Não podes racionalizar tudo!”, diz-me a Concha muitas vezes. Mas racionalizo para me proteger; controlo para não perder, literalmente, o controlo das situações e para não me perder no que, eventualmente, possa sentir; evito e refreio sabendo que assim fico mais segura. Porque desde sempre o ser humano procurou proteger-se do que pudesse fazer-lhe mal. Por isso criou as roupas e as casa para se proteger das agressões da natureza; por isso criou as armas para se defender da violência e dos perigos vindos de outros seres humanos. Por isso mesmo, a minha racionalidade tornou-se a minha arma e o meu escudo. E é com ela, e por ela, que faço o que tem de ser feito. A minha paz interior está acima de tudo.
Porque “Aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes! Mas só aquilo que não nos mata...!”
E a força das palavras é única...

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