<$BlogRSDUrl$>

domingo, junho 25, 2006

Caminhar sempre me ajudou a pensar, a organizar ideias, a tentar arrumar o sótão. Sempre andei muito, muito depressa, e de um lado para o outro. Na verdade, muito poucas são as pessoas que têm o condão de abrandar-me o passo, de fazer-me caminhar devagar e apreciar esse ritmo mais calmo. E apesar de menos frequentes do que as outras, as que faço com a minha pressa habitual, essas caminhadas mais calmas fazem-me sentir muito bem. Talvez seja por isso que, nos últimos dias, tenha tentado abrandar o passo, na esperança de refrear, de algum modo, o ritmo alucinante que tudo tem assumido nos últimos tempos na minha vida. O tempo passa mas, às vezes, parece que pára e que começa a passar em câmara lenta. E nessas alturas, em que o tempo se torna mais teimoso do que eu, só me apetece adiantar os ponteiros do relógio e fazer com que os dias passem mais depressa.
Num dia desta semana aproveitei uma dessas caminhadas mais lentas, na companhia de mim mesma, e comecei a reorganizar as ideias. Tenho a cabeça desarrumada. E o poder de abstracção, que consegui desenvolver e colocar em acção nas alturas críticas em que valores mais altos, como a faculdade e os exames, se levantam, fez-me deixar de lado tudo o que poderia interferir no meu estudo. E o resultado é o caos organizado em que a minha cabeça mergulhou. Enquanto caminhava fui separando os pensamentos por assunto e por pessoa, na tentativa de organizar a minha cabeça como organizo os dados necessários para resolver um caso, separando o que é realmente importante do que só serve para atrapalhar e confundir. Tal como nos casos que tenho de resolver na faculdade, também na vida e naquilo que nos acontece, encontramos muitos “factos irrelevantes” a que damos uma importância desmesurada e que acabam por fazer-nos chegar a uma solução completamente errada e desapropriada tendo em conta a situação em questão. Com o tempo e com a prática vamos começando a desenvolver uma certa facilidade para identificar os problemas relevantes nos casos, e resolvê-los de acordo com as disposições legais aplicáveis ao caso. Era tão mais fácil se na vida tudo se passasse assim. Mas não passa, porque a vida é complicada, e complica sempre mais um bocadinho à medida que se vai cruzando com outras vidas.
A meio do caminho lembrei-me de uma das últimas conversas com uma das pessoas mais puras e doces que tenho o privilégio de conhecer. Enviou-me esta música e disse-me que para ouvir, dizendo de seguida que não valia a pena dizer “nunca”. Ao ouvi-la sorri. Voltei a lembrar-me dela durante aquela caminhada, e foi na companhia dela, que parecia tocar na minha mente, que continuei o meu caminho até chegar ao meu destino. E hoje decidi partilhá-la com quem lê as minhas palavras. Durante a caminhada daquele dia não consegui organizar a cabeça como queria, mas a tentativa não foi em vão.
Caminhar sempre me ajudou a pensar, a organizar ideias, a tentar arrumar o sótão... E desta vez não foi diferente...


“Pele”

“Fechaste as portas do teu mundo
Na esperança de ele se encontrar
Vais contando o tempo quase ao segundo
Parece não querer passar

Fazes de conta que está tudo bem
E andas às voltas quando estás a sós
Gritos mudos que só tu entendes
No profundo silêncio que é a tua voz

Não precisas de te esconder
Ninguém vai encontrar
O que está escrito na tua pele
Só tu para o decifrar

Qual o teu traço a pincel
A história da tua vida
Escrita, sentida, tatuada na pele
Quem lá escreveu
Com a tua permissão
Nem sequer, nem sequer percebeu
E perdeu a folha pele
Por entre as mãos

Qual o teu traço a pincel
A história da tua vida
Escrita, sentida, tatuada na pele
Quem lá, quem lá escreveu
Com a tua permissão
Nem sequer, nem sequer percebeu
E perdeu a folha pele
Por entre as mãos”

(Pólo Norte)

Comments:
Excellent, love it!
» » »
 
Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Pensamentos de outros...


moon phase
 
Músicas especiais...