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terça-feira, agosto 15, 2006

Minha Querida,

Houve um tempo, há mais ou menos dois anos atrás, em que limpavas as minhas lágrimas e dizias-me com toda a convicção do mundo, que as pessoas não saíam da nossa vida, só mudavam de lugar. Acreditei em ti com todas as forças que me restavam, que na altura eram muito poucas. Acreditei porque acreditar era tudo o que me tinha ficado daquele amor. Não foi a primeira nem a última vez que secaste as minhas lágrimas e, apesar do peso doloroso que as lágrimas têm, espero que Deus permita que muitas mais vezes existam.
Contigo aprendi muitas coisas. Falar de afectos sempre me foi complicado, e sabes bem disso. Ainda hoje é. Mas conseguiste mostrar-me, a pouco e pouco, com a tua capacidade imensa de amar os outros e de amar o amor, que falar de afectos não era, nem é, motivo algum de vergonha. Sempre escrevi muito. Os cadernos e as folhas soltas que guardo no armário são prova disso mesmo, mas nunca os mostrei a ninguém. O “Muito à Frente!!!” foi um passo abismal na exposição de tudo o que tenho cá dentro, ainda que por meias palavras ou estórias feitas de muita história. A minha verdade no meio das palavras que muitas vezes dediquei aos outros. Sempre leste as minhas entrelinhas com uma facilidade que muito poucos têm. “Sentimos e pensamos de maneira igual”, dizias-me tu tantas vezes. Talvez tenha sido por isso que tantas vezes sentimos que éramos capazes de ler a alma uma da outra. Talvez tenha sido por isso que depois da tua última viagem te disse todas aquelas coisas enquanto estávamos sentadas à mesa do nosso café. A mesa do costume, no café de sempre, testemunha das nossas conversas e confidente dos nossos sentimentos. Quantas foram as vezes em que desfiamos as nossas almas naquela mesa? Não sei... Já lhes perdi a conta... Mas parecem tão poucas. Ás vezes, parece que quanto mais te digo mais tenho para te dizer. É estranho, mas é verdade.
Hoje sinto-te triste, perdida, a definhar aos poucos por causa dessa realidade que não entendes e que te mata um pouco a cada dia que passa. “Aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes! Mas só aquilo que não nos mata...”, lembras-te? E eu tenho medo, muito medo, porque sinto a tua alegria e a tua vitalidade esvaírem-se e evaporarem-se em cada lágrima que derramas, e ainda mais naquelas que já não és capaz de chorar. E sinto-me pequenina por não ser capaz de te fazer sentir melhor. Queria poder dar-te toda a paz interior e a força que acumulei nos últimos tempos, mas não sou capaz. Acredita que te daria tudo isso, e mais alguma coisa, se soubesse como o fazer, e se tivesse a certeza de que isso te faria feliz. Mas sei que não. E o que mais me entristece é que a tua felicidade nem sequer depende de ti. Já perdeste todas aquelas coisas que fazem de nós guerreiras quase invencíveis. Agora és só uma menina pequenina e indefesa, que precisa de colo, de um abraço fechado, e de alguém que lhe diga baixinho ao ouvido que vai correr tudo bem. Os miminhos e os carinhos dos amigos não chegam, é preciso mais. E ambas sabemos disso.
Sabes minha Querida, como tu tantas vezes dizes, “a vida trás sempre papoilas nos braços”, e a tua ainda tem muitas papoilas para florir e oferecer-te. E eu estarei aqui para ajudá-la a presentear-te com todas aquelas que te são devidas. Um dia, quando formos mais crescidas, ainda vamos passear o Francisco Maria e o Francisco Xavier ao jardim e ainda vamos recordar, com alguma saudade, isto que agora dói tanto, mas que nos faz crescer como seres humanos e como mulheres.
Palavras há muitas, e as minhas são só mais algumas. Só te quero dizer que não estás sozinha e que GOSTO MUITO DE TI!!!
Beijo enorme,
Ana

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